A dor da exclusão vivida por pessoas que sofrem com comportamentos opressores

Enquanto escrevo este artigo, penso em tudo o que está acontecendo no mundo agora: guerras, conflitos, preconceitos, discriminação e ódio. Essas realidades me lembram da importância de abordar temas que promovam a inclusão e o respeito.
Desde agosto, estou no Rio de Janeiro, trabalhando em um projeto incrível: levar acessibilidade e capacitar os funcionários da SuperVia (operadora de trens do RJ) para atender passageiros com necessidades especiais. Esses passageiros incluem gestantes, idosos, pessoas com mobilidade reduzida, obesos, crianças de colo e, principalmente, pessoas com deficiência.
Por que isso é necessário? Porque não aprendemos sobre inclusão nas escolas. Pelo contrário, muitas vezes aprendemos a ignorar as pessoas com deficiência.
Sou uma pessoa com deficiência há 12 anos e, ao longo desse tempo, aprendi que a convivência gera respeito. No entanto, o que deveria ser uma regra não é sempre aplicado.
O orgulho de ensinar e aprender
Nos últimos anos, percebi que ensinar sobre inclusão é meu propósito de vida. Trabalhar com diferentes grupos e ouvir suas reações positivas ao aprendizado é extremamente gratificante. Alguns comentários que recebo durante os treinamentos incluem:
- “Nunca ouvi falar sobre esse tema de forma tão natural!”
- “Por que complicamos algo que é tão simples?”
- “Aprendi muito para ensinar meus filhos e melhorar nosso atendimento!”
O orgulho descrito no título deste artigo refere-se a isso: o orgulho do trabalho que fazemos na Talento Incluir e de tantos outros profissionais que acreditam que informação e letramento podem transformar o mundo.
Preconceito: um tema constante e doloroso
Não há como falar de inclusão sem abordar o preconceito. Durante os treinamentos, o racismo surge frequentemente como tema. Notícias de preconceito e discriminação se repetem todos os dias, como nos casos de racismo envolvendo um prefeito e uma professora recentemente.
Ontem, ao citar a história da minha amiga e mentora Katya Hemelrijk e sua filha Yasmin, que vivenciaram preconceito, não contive as lágrimas. Durante esse momento, uma mulher negra compartilhou sua experiência:
“Ontem fui seguida em uma loja. Semana passada também, e na outra também.”
Eu a abracei, querendo que aquele gesto curasse sua dor, mas sabia que era apenas um abraço solidário. A exclusão dói. Dói muito.
Ensinando a amar: o papel da educação
Uma frase de Nelson Mandela resume perfeitamente o que acredito:
“O racista não nasce racista; ele é ensinado a ser racista. Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.”
Acredito que nosso trabalho ensina as pessoas a reconhecer o preconceito, evitá-lo e aprender a respeitar e amar. Esse é o caminho para um mundo mais tolerante e inclusivo.
A importância da inclusão e da convivência
A inclusão não é apenas um tema teórico, mas uma prática que precisa ser vivida e compartilhada. Como discutido no artigo Acessibilidade em Grandes Eventos, é essencial integrar a acessibilidade em todos os aspectos da vida social, promovendo a participação plena de todos.
Além disso, a inclusão no mercado de trabalho é fundamental. A Lei de Cotas, como mencionado no artigo Conquistas e Desafios da Lei de Cotas, tem sido uma ferramenta essencial para combater o preconceito e promover a diversidade no ambiente corporativo.
Um mundo possível
Tenho orgulho do que fazemos. Ensinar sobre inclusão e diversidade é uma forma de plantar as sementes para um mundo possível, onde as pessoas aprendam a respeitar as diferenças e a construir pontes ao invés de muros.
Sobre a autora:
Ciça Cordeiro, consultora em DE&I, Acessibilidade e Comunicação na Talento Incluir.