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Sustentabilidade e Acessibilidade na Web: o impacto de nossas escolhas

Sustentabilidade e Acessibilidade na Web: o impacto de nossas escolhas

Entramos em 2025 chocados com os incêndios de Los Angeles, na Califórnia. As mudanças necessárias para reverter esse cenário apocalíptico são imensas e não dependem apenas do governo, mas de todos nós. Precisamos mudar nossas práticas, atitudes e também nossa consciência. Isso inclui não apenas nossa vida física, mas também a digital.

Já há tempos quero me aprofundar no tema de ESG (Environmental, Social, and Governance), um conceito que trata tanto da sustentabilidade quanto da consciência social nas empresas, o que inclui a acessibilidade – ambos os temas de meu interesse. A gestão que possibilita tudo isso se tornar realidade também merece destaque.

Ao iniciar o ano corporativo, me deparei com o artigo genial “Sustainable Design Patterns For UX Designers” do Vitaly Friedman. Neste artigo, ele trata de forma ampla sobre práticas de design sustentável. Ao lê-lo, ficou mais claro para mim o quanto a sustentabilidade e a acessibilidade estão interligadas.

Reduzindo o Impacto Ambiental

Se produtos mal planejados nos fazem perder tempo na web, imagine o tempo gasto por uma pessoa com deficiência ou idosa tentando realizar uma atividade.

Stefan, por exemplo, tem TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) e Dislexia. Ele tem dificuldade em reconhecer sons e palavras escritas, o que impacta sua compreensão na leitura. Stefan faz um uso mais eficiente da web ao ler um livro digital onde pode ampliar a fonte e o espaçamento das linhas, além de ouvir as palavras enquanto lê. Isso ajuda sua atenção e compreensão do texto. Porém, quando os textos online são apenas imagens digitalizadas ou não possuem atalhos para que ele possa pular para partes específicas do conteúdo, ou ainda existem longos textos sem títulos e subtítulos, Stefan tem mais dificuldade para focar no conteúdo. Conteúdos em movimento distraem sua atenção e podem desviá-lo da tarefa, aumentando o tempo que ele permanece usando o computador ou o celular.

Fonte: Iniciativa de Acessibilidade Web do W3C (WAI)

Isso significa que, ao criarmos produtos mais acessíveis, estamos também tornando-os mais sustentáveis. De fato, a IBM criou um checklist para sustentabilidade, onde diversos itens estão associados à acessibilidade digital.

Acessibilidade Digital torna produtos mais sustentáveis

Impressão da tela da entrevista com Stefan usando o computador e uma tela de livro digital em primeiro plano.

Se produtos mal planejados nos fazem perder tempo na web, imagine o tempo gasto por uma pessoa com deficiência ou idosa tentando realizar uma atividade.

Stefan, por exemplo, tem TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) e Dislexia. Ele tem dificuldade em reconhecer sons e palavras escritas, o que impacta sua compreensão na leitura. Stefan faz um uso mais eficiente da web ao ler um livro digital onde pode ampliar a fonte e o espaçamento das linhas, além de ouvir as palavras enquanto lê. Isso ajuda sua atenção e compreensão do texto. Porém, quando os textos online são apenas imagens digitalizadas ou não possuem atalhos para que ele possa pular para partes específicas do conteúdo, ou ainda existem longos textos sem títulos e subtítulos, Stefan tem mais dificuldade para focar no conteúdo. Conteúdos em movimento distraem sua atenção e podem desviá-lo da tarefa, aumentando o tempo que ele permanece usando o computador ou o celular.

Fonte: Iniciativa de Acessibilidade Web do W3C (WAI)

Isso significa que, ao criarmos produtos mais acessíveis, estamos também tornando-os mais sustentáveis. De fato, a IBM criou um checklist para sustentabilidade, onde diversos itens estão associados à acessibilidade digital.

Imagem mostra parte do checklist de sustentabilidade criado pela IBM, com itens de acessibilidade.

Ver checklist completo no site da IBM.

Lei de Cotas e seu impacto social

Práticas que promovem acessibilidade também reforçam a importância da Lei de Cotas, que há 33 anos busca garantir inclusão no mercado de trabalho. Saiba mais sobre os desafios e conquistas desta lei no artigo: Conquistas da Lei de Cotas completa 33 anos.

Com isso em mente, selecionei uma pequena lista de itens de acessibilidade digital que ajudam a tornar nossos conteúdos e páginas web também mais sustentáveis:

  • Avalie e pesquise as necessidades dos usuários.
  • Crie uma experiência leve por padrão.
  • Evite conteúdos e elementos desnecessários ou em excesso.
  • Garanta que a navegação e orientação sejam bem estruturadas.
  • Respeite a atenção do usuário.
  • Use padrões de design reconhecidos.
  • Crie interfaces e mecanismos de navegação consistentes.
  • Possibilite e encoraje o uso de modo escuro.
  • Escreva com propósito, em um formato acessível e fácil de entender, use Linguagem Simples.
  • Use imagens mais leves, com descrição alternativa em texto.
  • Reduza imagens que não estão visíveis para o usuário, como em carrosséis.
  • Não inicie vídeos automaticamente.
  • Reduza tempo de vídeo e inclua legendas.
  • Use combinações e contrastes de cores acessíveis.
  • Forneça os documentos para download de forma otimizada, compactados e em uma variedade de formatos de arquivo acessíveis.

 

Esta lista não se esgota aqui, e temos muito mais a adotar para tornar a experiência de nossos clientes, usuários e visitantes mais eficaz e sem desperdício de tempo. Boas práticas de acessibilidade ajudam as pessoas e ajudam nosso planeta. Mas as empresas também são beneficiadas. Imagino um futuro onde todos saem ganhando. Longe de ser utópico, é o futuro que precisamos prever.

Para saber mais, visite: Sustainable Web Design.

Sobre a autora:

Por Cláudia Martin Nascimento, mestre em Estética e História da Arte pela USP e bacharel em Desenho Industrial pela FAAP. Com 22 anos de experiência em webdesign e 10 anos de trabalho com acessibilidade, Cláudia é vencedora do Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web Todos@Web e integra o Grupo de Especialistas em Acessibilidade Web do W3C Brasil. Membro do Comitê de Estudo de Acessibilidade para a inclusão digital da ABNT, e co-fundadora do Acesso para Todos e Plataforma Móduli. Sua biografia foi publicada no Who’s Who in Research da Intellect Books – UK.